quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Como o Drex mudará a vida dos brasileiros? Prevista para entrar em operação ainda em 2024, a CBDC brasileira terá impacto no cotidiano, mas não substituirá o Pix.
No ano passado, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro investigaram um golpe envolvendo a venda de imóveis que fez mais de 300 vítimas ao longo de três anos e que resultou em 20 pessoas investigadas por estelionato. Os criminosos anunciavam imóveis alugados online com preços e condições de compra mais acessíveis e, quando recebiam o sinal do pagamento, rompiam contato com a vítima. De acordo com a polícia, os estelionatários afirmavam ser funcionários de empresas imobiliárias e usavam escritórios falsos para tornar o golpe mais verossímil.
Histórias como essas são recorrentes, especialmente no ambiente digital. De acordo com dados do último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho de 2023 pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estelionato aumentou quase 38% no Brasil entre 2021 e 2022 (o crescimento é 326,3% desde 2018), e o estelionato eletrônico aumentou 65,2%. No Disque 100, as denúncias contra os golpes financeiros aumentaram 73% no ano passado. E, em muitos desses casos, um padrão se repete: o criminoso simula que realizará a venda de um bem e, quando recebe o pagamento, desaparece. Coibir esse tipo de crime será justamente um dos principais benefícios que o Drex, a moeda digital de banco central (CBDC) do Brasil, trará para o cidadão. Isso será possível graças a algumas características intrínsecas à tecnologia: programabilidade, rastreabilidade, transparência, segurança, auditabilidade. “Isso resulta no que chamamos de DVP (Delivery Versus Payment), ou entrega contra pagamento”, explica Fabricio Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin, uma das empresas participantes do projeto piloto do Drex no Banco Central (BC). “Na mesma transação, o dinheiro passa de uma pessoa para outra e a propriedade de um bem ou ativo vai de B para A. Isso muda muita coisa e esse tipo de produto ou serviço estará disponível para o público comum. Por exemplo, na compra de um automóvel, não será necessário ir ao cartório. Quando o dinheiro for transferido, a propriedade do automóvel muda automaticamente, tornando a transação muito mais ágil e segura.”
O que possibilitará esse tipo de transação são os contratos inteligentes criados na rede do Drex, que operará por meio da tecnologia DLT (Distributed Ledger Technology ou Tecnologia de Registros Distribuídos, popularmente conhecida como blockchain). Mais especificamente, a DLT do Drex será a Hyperledger Besu, uma rede criada pela Linux Foundation compatível com os contratos inteligentes da rede Ethereum, a mais popular atualmente.

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